sexta-feira, 12 de junho de 2009

Nativos


Capitanias Hereditárias


Quando os portugueses, em 23 de maio de 1535, capitaneados pelo fidalgo Vasco Fernandes Coutinho, tomaram posse da Capitania do Espírito Santo, depararam-se com indígenas de diversas culturas que dominavam o litoral e o interior e que impuseram à Coroa Portuguesa severa resistência ao processo de colonização. Tanto que apenas na primeira metade do século XVII as lutas tiveram fim, com a definitiva derrota dos índios. A partir daí o processo de aculturação deu-se de forma acelerada, e rapidamente as diversas etnias foram absorvidas e integradas pelas populações de origem portuguesa e africana, bem como, no decorrer das décadas, por imigrantes europeus de outras nacionalidades, como alemães e italianos. Nos dias atuais, um reduzidíssimo número de índios das etnias Tupiniquim e Guarani ainda procura manter viva sua cultura e tradição, ambas fragilizadas pela sociedade como um todo, que se baseia em valores bem diferentes e até opostos aos deles. Sobrevivem em reservas situadas ao norte da capital Vitória, sendo Caieiras Velhas, no município de Aracruz, a mais representativa. Ela abriga descendentes dos primeiros Tupiniquins aqui encontrados, praticando agricultura de subsistência e artesanato. Na década de 80, um acordo firmado entre a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e a prefeitura de Aracruz permitiu a criação, na reserva, de escolas para ensino de nível fundamental e de creches. Na mesma época, por iniciativa da Legião Brasileira de Assistência (LBA), foram introduzidos cursos profissionalizantes, como uma tentativa de reduzir a grande exclusão social a que o processo histórico submeteu os indígenas. Muitos indivíduos, dada a dificuldade de sobrevivência nas reservas, migram para os grandes centros urbanos capixabas para trabalhar em ofícios mal remunerados (posto que a mão-de-obra é desqualificada para as exigências do mercado) ou em ocupações marginais como a prostituição.

Culturalmente falando, foi fundamental a contribuição indígena (a também a africana) no que tange à lingüística, porque enriqueceu sobremaneira a língua portuguesa inicialmente falada em território capixaba. Num processo idêntico ao que ocorreu com todo o Brasil, foi graças aos termos, prefixos e sufixos próprios da língua tupi-guarani (e também as de origem africana) que o português adquiriu sotaques e cadência diferenciados da Pátria-Mãe.

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